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Nelson Travnik
nelson-travnik@hotmail.com
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O ano de 2015 chegou ao fim porque aqui no Ocidente o
tempo é baseado no calendário solar que é medido pelo tempo gasto pela Terra
para completar uma volta ao redor do Sol. Enquanto a maioria das pessoas
acredita estar em 2016, historiadores e astrônomos contestam e esclarecem a
disparidade existente no calendário e na ordem das datas estabelecidas. Esses
detalhes e acontecimentos embora não venham possuir importância no âmbito
pessoal, para a história e a ciência são relevantes.
Uma pesquisa histórica nos ensina que a era cristã tem
inicio no nascimento de Cristo cuja data verdadeira é desconhecida. A
estimativa de datas em que se baseia nosso calendário, foi feita durante a
Idade Média por um monge chamado Dionisyus Exiguus, O Pequeno, que vivia em
Roma no ano 525 e, segundo uma serie de fontes, inclusive a Enciclopédia
Católica, de fixar o ano 1 de nossa era em 753 A.U.C. (Ab Urba Condita), depois
da fundação de Roma (a história de Roma abrange um período de 1229 anos, de 753
a.C. a 476 d.C. ) . Acontece que Dionisyus utilizando a data de 25 de dezembro
do ano 753 errou nas contas por cerca de 4 anos e além disso não se deu conta
de fixar o ano zero; ele apenas chamou o ano de 752 de ano 1 antes de Cristo e
o de 753 de ano 1 AD (Ano Domini ou Ano
do Senhor). Para alguns estudiosos, acontecimentos ligados ao nascimento de
Cristo tiveram lugar em 754.
A era Cristã foi adotada pela Igreja em 532 por
sugestão de Dionisyus que decidiu contar os anos a partir de 1º de janeiro em
seguida ao nascimento de Cristo. Nessa época a idéia do zero era desconhecida.
Em 440 é que a Igreja decidiu que a data do nascimento de Cristo seria 25 de
dezembro do calendário romano. Os cronologistas por sua vez, decidiram retardar
sete dias o inicio da era Cristã para que coincidisse com o inicio do ano 754
da fundação de Roma. Analisando fatos históricos ligados a Roma e Israel, palco
dos acontecimentos, o cálculo de Dionisyus carece de fundamento. Isso porque se
Cristo houvesse nascido em 754 da fundação de Roma, Herodes já estaria morto há
cinco anos e os apóstolos Mateus e Lucas estariam mentindo. Sendo válido este
raciocínio , estamos pois brindando o ano de 2022 ou 2023 segundo o qual Cristo
deve ter nascido cerca de seis ou sete anos que o registrado no calendário
ocidental, considerando o erro maior cometido por Dionisyus.
Em seu livro “A Infância de Jesus”, o papa Bento XVI
diz que Maria deu à luz entre 7 e 6 a.C. o que vem corroborar o acima colocado.
Nosso calendário é Gregoriano que adveio do Juliano e este por sua vez dos
egípcios. Ao longo dos séculos, as modificações introduzidas não teve como
corrigir as discrepâncias que ocorriam e a solução foi a introdução de um novo
calendário em 24/02/1582 pelo papa Gregório XIII através da bula “Intergravissimas”
. Para isto ele consultou o astrônomo napolitano Luigi Lilius (1510-1576) e
depois o jesuíta,matemático e astrônomo alemão Cristophorus Clavius
(1537-1612). Para ajustar a diferença existente, foram necessários diminuir 11
dias ao ano 1582. A quinta-feira 04 de outubro passou para a sexta-feira dia
15. Mesmo com as regras estabelecidas no
calendário gregoriano que utilizamos a partir de 1582, ele não é perfeito e apresenta
um excesso de 0,0003 dias em relação ao ano trópico, ou seja, de 1,132 dias em
quatro mil anos. Traduzindo em segundos para melhor compreensão, o ano
gregoriano que utilizamos tem 31.556.952 s e a exata translação da Terra ao
redor do Sol é de 31.556.925 s. Daí sobrevém o excesso acima colocado. Por
isso, não vale a pena encetar uma reforma no calendário para introduzir a
fração de segundo, pois a atual diminuição da rotação da Terra já dará conta
disso.
Entretanto se essa ínfima diferença pouco significa
para a humanidade, para a datação de
fatos históricos, em astronomia, ciência espacial e cálculos relativísticos,
tal é inadmissível e para isso é que foram criados os relógios atômicos. São
eles que controlam a diminuição da rotação do nosso planeta via marés e no fato
da Lua afastar-se de nós 3,5 a 4 centímetros por ano. O efeito acumulativo da
diminuição da rotação da Terra cresce proporcionalmente não ao tempo mas ao seu
quadrado. Pesquisas indicam que há 900 milhões de anos o dia durava apenas 18
horas e o ano tinha 480 dias. Isso faz com que várias medições diárias são
realizadas com resolução de nanosegundo.
O calendário é pois um conjunto de regras baseadas na
astronomia e através dela é que qualquer iniciativa terá que se apoiar. O calendário deveria ser universal, segundo
cálculos astronômicos pois como está é historicamente
arbitrário e matematicamente errôneo.
Nelson Travnik, é astrônomo e Membro Titular da
Sociedade Astronômica da França.
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