sábado, 29 de novembro de 2014

A PARTICIPAÇÃO DO OBSERVATÓRIO ASTRONÔMICO DE PIRACICABA, OAP, SP, NO 17º ENCONTRO NACIONAL DE ASTRONOMIA – ENAST, MACEIÓ, AL, 7 A 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Foto oficial do 17º ENASTAutor: James Solon/Astro PE
PARTICIPANTE: Nelson Travnik, diretor do OAP
LOCAL: Universidade Federal de Alagoas, UFAL, Cidade Universitária, Auditórios da Reitoria e do CIC

ATIVIDADES  DESENVOLVIDAS

ATIVIDADE 1 
Palestra Especial , Auditório da Reitoria, dia 7, 14h00 às 14h40
Tema: “45 Anos da Conquista Lunar e a Contribuição dos Astrônomos Brasileiros”.
Público Presente: aprox. 180 pessoas.
Publicação Distribuída : “A Importância da Observação do nosso Satélite - Missões Apollo : O que foi o Programa LION”

ATIVIDADE 2
Apresentação Oral, Auditório da Reitoria, dia 8,16h30 às 17h00
Tema: “Tributo a Ronaldo Rogério de Freitas Mourão – O Flammarion Brasileiro”.
Público Presente: aprox. 160 pessoas.

ATIVIDADE 3
Proposta  apresentada  pelo  participante  dia  9  às  11h30  à  Comissão Organizadora do 17º ENAST, e esta por sua vez submetida aos presentes, foi   aprovada por unanimidade, que seja encaminhada a Sociedade Brasileira de  Astronomia,  SAB,  o   pedido  para  que o  nome  “Mourão”  seja perpetuado em uma cratera  lunar  ou  marciana,  justa homenagem   ao astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, falecido em 25/06/2014. Uma vez a SAB julgue meritória a homenagem, o passo a seguir  será o encaminhamento do pedido a União Astronômica Internacional, IAU .

DESTAQUE  ESPECIAL 
1- Pelo seu trabalho incansável junto aos estudantes nas visitas escolares ao OAP, promovendo cursos em diferentes níveis, ampla divulgação de eventos astronômicos na imprensa local e da região, incentivo as  crianças e jovens para a importância da astronomia e a observação  do céu, elaboração de projetos educacionais e o estreito intercâmbio com entidades congêneres no País e exterior, a Comissão Organizadora   do 17º ENAST, após aprovação unânime, resolveu homenagear o astrônomo do OAP, Nelson Travnik com a Medalha e Placa de Prata “Ronaldo Rogério de Freitas Mourão”.
2= Um belíssimo quadro com a representação  artística  de  uma  galáxia, pintado pelo Prof. Adriano Aubert Silva Barros, Coordenador Geral  do 17º ENAST e diretor do Observatório Astronômico Genival Leite Lima, CECITE/SEE-AL, foi oferecido ao OAP . Em retribuição ao simpático gesto, ficou acertado que o Observatório do colega Adriano irá receber um Relógio de Sol confeccionado por Nelson Travnik.                                                                                   


                                                                                                    Piracicaba, novembro, 2014

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA: CÉU DA BANDEIRA ESTÁ EM DESACORDO COM A ASTRONOMIA

                             Bandeira do Brasil
                             Imagem:http://navegandonahistoria-costa.blogspot.com.br/2012/11/historia-do-brasil-dia-da-                              bandeira.html


Nelson  Travnik - nelson-travnik@hotmail.com


Como uma tarefa dos astrônomos foi parar nas mãos de um pintor por puro sentimento revanchista

No sábado, 15 de novembro, o País celebra 125 anos da Proclamação da República, após um golpe militar perpetrado contra o Imperador D. Pedro II.  Com isso impunha a substituição da bandeira do império por aquela introduzida em 1822. A nova Bandeira Nacional foi estabelecida através do Decreto nº 4 de 19/11/1889  redigido por Rui Barbosa e assinado por :Marechal  Deodoro  da  Fonseca,  chefe  do  Governo  Provisório,  Quintino Bocaiuva,  Aristides da Silveira Lobo,  Rui  Barbosa,  M. Ferraz de Campos Sales, Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Eduardo Wandenkolk.


UM  CÉU  DE  PURÍSSIMO  AZUL

A Bandeira do Brasil  uma das mais belas e sugestivas,  é a única do mundo que representa grande parte do firmamento que envolve a Terra. É a mais completa ilustração já imaginada para uma bandeira nacional.  O círculo interno  em  azul corresponde  a  uma  visão  da  esfera  celeste  inclinada segundo a latitude do Rio de Janeiro às 08h30 do dia 15/11/1889, data e local da Proclamação da República. Nesta hora a constelação do Cruzeiro do  Sul  encontra-se  no  meridiano  do  Rio  de  Janeiro.  Como é  dia,obviamente o céu só seria visível se ocorresse nessa data um eclipse total do Sol. Qualquer carta celeste mostra isso bem como no dia 20 de maio às 20h00 a situação se repete. É só olhar o céu e conferir.


CÉU   ÀS   AVESSAS

O céu representado na Bandeira evidencia erros e falhas astronômicas. Aposição das estrelas não coincidem com as estampadas na Bandeira. Isto é mais evidente na constelação do Cruzeiro do Sul com a posição da estrela épsilon (popularmente conhecida como ‘intrometida’) e que representa o Estado  do  Espírito  Santo.  Está  invertida.  Veja numa  carta  celeste  ou compare com o Cruzeiro do Sul  estampado nas bandeiras da Austrália,Samoa Ocidental, Papua-Nova Guiné , Nova Zelândia ou se preferir, com acamisa do Cruzeiro de Belo Horizonte, MG.  Outro fato é que as estrelas não coincidem em suas posições e magnitudes aparentes.  É o caso da constelação  do  Escorpião  que  não  é  possível  verificar  quais  sejam  as estrelas tão erradas estão.  Por último temos o caso da faixa “Ordem e Progresso” que alguns afirmaram tratar-se do Equador Celeste ou outros da eclíptica, faixa zodiacal onde se deslocam o Sol, a Lua e os planetas com exclusão de Plutão que não é mais considerado planeta e os asteroides. Do ponto de vista da astronomia não pode ser nem uma nem outra. Para ser eclíptica a estrela Spica, alfa da constelação da Virgem e que representa o Estado do Pará, teria que ficar abaixo dela e a estrela beta do Escorpião(Maranhão) acima.


ERROS   GROSSEIROS   DE   ASTRONOMIA

É  difícil  conceber  que  astrônomos  do  então  Imperial  Observatório,denominado a seguir  para Observatório Nacional,  que estavam ali  bem pertinho, não tenham sido consultados para estabelecer corretamente as posições das estrelas e da faixa que corta o céu da Bandeira. A reação não se  fez  esperar.  Na  época,  Eurico  de  Góis  declarou que o  pintor  Décio Villares ao desenhar a Bandeira não interpretou corretamente o Decretonº 4 que exigia que as estrelas fossem dispostas na situação astronômica quanto a distância,  tamanho e brilho relativo. Em vez de adotar a representação do céu quese encontra nos atlas celestes, adotou o sistema dos globos. Como atribuira um pintor uma tarefa exclusivamente da competência dos astrônomos? Porventura  um  espírito revanchista  sabendo  que  o  Imperador  era astrônomo amador e que possuía até um quarto privativo no Observatório para  descansar  após  as  observações?  A  Lei  nº  5.443  de  28/05/1968 explica em seu artigo 3º, §1º, que as constelações do céu às 08h30 do dia 15/11/1889  devem ser consideradas como vistas por um observador fora da esfera celeste. Um céu portanto  só acessível  a um astronauta!  Na ocasião os legisladores procuraram amenizar  apresentando justificativas para convencer os leigos. Uma delas é que o céu representado na Bandeira é a imagem do firmamento que seria visto às 08h30 do dia 15/11/1889,portanto em pleno dia,  refletido nas  águas  da  baia  da  Guanabara!  A questão foi debatida nos jornais, na tribuna do Congresso e até o povo foi instado a opinar. Mas tudo ficou como estabelecido pelo pintor. Todos os erros astronômicos constam de dois livros : o primeiro de Eduardo Prado “A Bandeira Nacional”, publicado em 1903 pelo IBGE e o de Rubens de Azevedo “A Bandeira Nacional”, publicado em 1988 pela edições Tukano-Arte & Literatura.


O  QUE   FAZER ?

O  projeto  poderia  ser  alterado  no  inicio  com  a  tarefa  a  cargo  dos astrônomos  do Observatório  Nacional.  Fica  complicado  que  passados tantos  anos,  agora  que  estamos  solidários  com  a  Bandeira,  proceder modificações. O mais sensato é portanto deixá-la como está e consider arque tudo é simbólico e as estrelas nas constelações estão como se fossem atiradas ao acaso. “Cientes de que nada é perfeito, orgulhamo-nos de que nossa Bandeira contenha lineamentos fundamentais da cultura humana,segmentos  de nossa  história  e  projetos  permanentes  de  realizações futuras.  A  Bandeira  ai  está, mais  gloriosa  que  nunca”. (Raimundo  O. Coimbra) 

Nelson Travnik é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba, SP, e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.