sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

UM OLHAR REAL EM DIREÇÃO AO UNIVERSO

                                                                             Nelson  Travnik

Nesta segunda-feira, 2, astrônomos de todo País, estarão comemorando o Dia Nacional da Astronomia, o Dia do Astrônomo. A grata efeméride celebra a data de nascimento de D. Pedro II (1825-1891), o governante que mais fez pela astronomia no País. A escolha teve inicio em Recife, Pe, durante o 2º Encontro de Astronomia do Nordeste celebrado de 30 de junho a 2 de julho de 1978 quando, astrônomos por unanimidade, aplaudiram de pé a moção apresentada pelo Dr. Marijeso Alencar Benevides, Diretor de Relações Públicas da Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia, concedendo a D. Pedro II, o título de Patrono da Astronomia Brasileira. A partir daí a escolha ganhou força e a data passou a comemorar o Dia Nacional da Astronomia, o Dia do Astrônomo oficialmente instituído mais  tarde pela Lei nº 13.556 de 12/12/2017.
A astronomia fascinava o Imperador que nela encontrou a noção do todo, do universo, não havendo limites para sua imaginação. Conhecia a fundo a ciência do céu. No telhado do Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista inaugurado por D. João VI em 6/06/1818, mais tarde Museu Nacional quase destruído por um incêndio em 2/09/2018, tinha um observatório onde atendia alunos para ensinar a observar o céu. No Imperial Observatório criado por seu pai, D.Pedro I, tinha um quarto para descansar após horas de observação. Mantinha contato com grandes luminares da astronomia entre eles o francês Camille Flammarion (1842-1925) que o convidou para inaugurarem juntos o seu Observatório de Juvisy em 29/07/1887, algo  que ele aceitou e compareceu. Para o Imperial Observatório, contratou astrônomos de renome como o francês Emmanuel Liais (1826-1910) e o belga Ferdinand Cruls (1848-1902) além de importar modernos instrumentos e doar alguns seus. Isso possibilitou ao Imperador realizar inúmeras observações importantes dentre as quais se destacam a primeira análise espectroscópica de um cometa usando equipamentos fotográficos pela primeira vez ; observação de dois eclipses solares de 1858 e 1865 quando foi utilizada pela primeira vez em todo mundo a fotografia para fins astrométricos; a rara passagem de Vênus pelo disco solar em 06/12/1882 e a observação e estudo do cometa Finlay em 18/01/1887 quando estimou sua cauda em 50 graus como foi registrado na revista L’ Astronomie publicada pela Sociedade Astronômica da França no tomo de 1887, pag.114. Na passagem de Vênus pelo disco solar em 06/12/1882, mesmo sob forte oposição do Parlamento, concedeu as verbas necessárias para três missões científicas  observarem a passagem uma de Punta Arenas na Patagônia chilena , outra na ilha de Saint Thomas nas Antilhas e a terceira em Olinda, Pe. Em suas freqüentes visitas ao exterior, fazia questão de visitar alguns observatórios se inteirando com as pesquisas e progressos recentes. Acredita-se que sua devoção ao céu veio através do litógrafo francês Louis Boulanger (1798-1874) , de frei Pedro de Santa Mariana (1782-1864) e dos livros de Camille Flammarion. Era membro sob numero 85 da Sociedade Astronômica da França fundada por Camille Flammarion em 1887 , sócio da Academia de Ciências da França, membro da Royal Society de Londres, da Academia Imperial das Ciências de São Petersburgo, da de Moscou e membro do Instituto Histórico do Rio de Janeiro. D. Pedro II não foi um astrônomo profissional mas um astrônomo amador dos mais conceituados . Para o Imperial Observatório faltava um telescópio de grande porte e ele foi encomendado na Inglaterra pelo Imperador. Desgraçadamente o navio que o transportava chegou ao Rio de Janeiro justamente na ocasião da Proclamação da República e os republicanos não perderam tempo : mandaram o telescópio de volta ! Em 1890 já no exílio foi homenageado com o nome do asteróide Brasília de nº 291 descoberto no Observatório de Nice, França, pelo astrônomo A. Charlois (1864-1910). Em 1891 escreveu em seu diário : “Pensava na instalação de um observatório astronômico moldado nos mais modernos estabelecimentos desse gênero que poderia ser superior ao de Nice”. Sua devoção a ciência do céu certamente levou seu espírito para muito além do asteróide Brasília,  para junto das estrelas. 
Nelson Travnik é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

sábado, 21 de setembro de 2019

SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA



Participação do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum, OAPES , órgão da Secretaria Municipal de Educação,SME
PROGRAMAÇÃO
26 de Outubro de 2019
08:30 – Hasteamento do Pavilhão Nacional, do Estado de São Paulo e de
Piracicaba
08:45 – Inauguração da exposição : Maravilhas do Universo
As mais belas fotografias obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble
09:00 – Relógios de Sol , Laboratório a Céu Aberto
Visita aos 5 modelos de relógios de Sol com explicações
10:00 – Observação do Sol
Através de filtros especiais, pelo método de projeção e na raia do
H Alpha
11:00 -- Palestra :Nascimento, Vida e Morte do Sol
Nelson Travnik, astrônomo do OAPES
11:30 – Filme : A Conquista do Planeta Marte
14:00 -- Observações do Sol
Através de filtros especiais,pelo método de projeção e na raia do
H Alpha
15:00 -- Inicio das Sessões de Video
Documentários das mais abalizadas fontes
Explicações com o astrônomo Warner Beranger do OAPES
18:00 -- Telescópio, o grande olho da Humanidade
Explicações dos astrônomos sobre o funcionamento dos teles-
copios e os periféricos empregados

19:00 -- Palestra : Um pequeno passo para o Homem ; um salto gigantesco para a Humanidade
50 anos do Projeto Apollo e a Participação Brasileira no Progra-
ma LION da NASA – JPL
Nelson Travnik , astrônomo do OAPES
19:30 -- Palestra : 100 anos da comprovação da Teoria da RelatividadeGeral de Albert Einstein
Realizada no Brasil, em Sobral , Ce.
Sergio Mantelatto , astrônomo do OAPES
20:30 -- Observações dos astros em evidência
Utilizando os cinco telescópios do Observatório e os do Grupo
do Observatório.
22:00 -- Encerramento
Obs. Ocorrendo condições atmosféricas desfavoráveis (tempo chuvoso ou espessas nuvens), a programação observacional será cancelada, restando as demais programadas. O Observatório conta com amplo estacionamento. Entrada franca.
Maiores informações :
http://observatoriopiracicaba.blogspot.com.br


segunda-feira, 5 de agosto de 2019

A AERONAUTICA: DAS FLECHAS DE FOGO A APOLLO 11



Robert Hutchings Goddard e o primeiro voo de foguete propelido a combustível líquido (gasolina e oxigênio), lançado em 16 de março de 1926, em Auburn, em Massachusetts, nos EUA. Imagem - wikipedia
 I
Nelson Travnik
Ainda não se conhece a origem exata dos foguetes mas os chineses tendo inventado a pólvora, há indícios que os utilizaram em 1232 quando os mongóis sitiaram a cidade de Kai-Feng-Fu, capital de Honan. Os chineses usaram contra eles uma arma descrita como “flechas de fogo voadoras”. Serviram contudo mais para assustar que causar baixas. Os mongóis venceram e adotaram a tecnologia. Nos papirus egípcios e nos tijolos babilônicos, encontra-se menções a estranhas viagens a Lua e ao Sol. A primeira tentativa para alcançar o céu deve-se certamente ao mandarim Want-Fu o qual, centenas de anos antes de Cristo, mandou que atassem em seu trono várias cargas de foguetes e acendessem o estopim desaparecendo para sempre nas nuvens ... Passados longos anos, há indícios que na Europa foguetes foram usados contra o duque polonês Henry na batalha de Legnica em 1241. Oito anos mais tarde em 1249, há relatos que também os árabes usaram foguetes na península ibérica e que Valencia na Espanha foi atacada por foguetes em 1288. Por volta de 1668, o coronel alemão Christoph Friederich Von Geissler, projetou um foguete pesando 80 quilos e que carregava um explosivo de 10 quilos.
Foi somente a partir do século XVII que a humanidade conheceria os princípios teóricos do foguete graças ao físico inglês Isaac Newton (1642-1727). A sua 3ª Lei diz que “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”, que toda ação é acompanhada de uma reação em sentido contrário. O impulso de um foguete vem pois da reação exercida pelo jato expelido na combustão de gases. Essa força é chamada empuxo. Em 1810, a marinha inglesa usou foguetes desenvolvidos por Willian Congreve (1772-1828) contra Napoleão Bonaparte (1769-1821). Foguetes viram-se assim usados em campanhas militares nos séculos 18 e 19 similares ao tipo desenvolvido por Congreve.
No século XX, enquanto os irmãos Whright nos EUA e Santos-Dumont em Paris desafiavam a gravidade, o russo Konstantin E. Tsiolkovsky (1857-1935) em seus livros “Um Trem Cósmico de Foguetes” (1929) e “Sobre a Lua”, (1935), analisou com detalhes o funcionamento de um foguete de múltiplos estágios para escapar o campo gravitacional da Terra e alcançar a Lua. Notável previsão que seria adotada mais tarde por Wernher Magnus Maximilian Von Braun (1912-1977) em seu foguete Saturno V . Em 1915, ele concebeu um motor que usava hidrogênio e oxigênio líquidos como propelente. O “Pai da Astronáutica” como é conhecido, não deixou nenhum trabalho experimental. Em 1920, o americano Robert Goddard (1882-1945) estuda a propulsão por meio de foguetes e passa a utilizar o uso de combustível líquido. Em 16/03/1926, realizou o lançamento de foguetes movidos a gasolina e oxigênio. Com a publicação do seu trabalho, “O Foguete no Espaço Planetário”, incentivou pessoas de todo o mundo a se interessar no estudo da astronáutica.
E Von Braun foi um deles. Apaixona-se pelas viagens espaciais tornando-se membro da “Verein für Raumschiffahrt”, Sociedade para Viagens Espaciais, criada em 1923 por Hermann Julius Oberth (1894-1989). Em 1930 ela realiza o lançamento de um foguete com combustível líquido. Sua vertiginosa carreira aproxima-se mais tarde na base de foguetes em Peenemünde do também experto em foguetes, general alemão Walter Robert Dornberger (1895-1980) com quem trava amizade e permitem que, juntos a Hermann J. Oberth e o austríaco Eugen Sänger (1905-1964), obtenham sucesso com o lançamento do foguete V-2 ( V de Vergeltung-Vingança). O V-2 acelerava a 5.760 km/h e chegava a 110 km de altitude sendo assim, o primeiro veículo espacial da história. Apesar da destinação bélica do foguete, esses cientistas avançaram no tempo e sonhavam com seu emprego em viagens espaciais. Terminada a guerra, Hermann J. Oberth e Eugen Sänger foram para a Alemanha dominada pelos aliados enquanto Von Braun se rendia a 44ª Divisão de Infantaria dos EUA levando consigo 1500 técnicos e 14 toneladas de papeis . Em Peenemünde os americanos conseguiram capturar uma centena de V-2 quase intactos. Von Braun foi “castigado” com um “empregão” na NASA. Mais tarde Hermann J. Oberth se uniu a Von Braun criando juntos vários mísseis. Em 1957 Von Braun é chamado para chefiar o lançamento do satélite artificial Explorer 1 que ocorreu em 31/01/1958. Na noite de 25/05/1961, o presidente americano John Kennedy perante uma sessão conjunta do Congresso americano em Washington D.C., anuncia que até o final daquela década, os americanos levariam o homem a Lua e o trariam de volta. A partir daí, Von Braun passou a projetar com sua equipe o gigantesco foguete Saturno V que colocaria o primeiro homem na Lua.
Na corrida espacial entre russos e americanos, não houve perdedores. A humanidade foi a grande vencedora.
Nelson Travnik, é astrônomo, diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum,Membro Titular da Sociedade Astronômica da França e LION Observer credenciado pela NASA NAS MISSÕES Apollo.

sábado, 29 de junho de 2019

COM EXPOSIÇÃO, OBSERVATÓRIO LEMBRA CONQUISTA DA LUA


Imagem: wikipedia
Observatório inaugura nesse sábado, 29, exposição alusiva aos 50 anos da chegada do homem a Lua. Poderá ser vista até 27 de julho.
O Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum, órgão da Secretaria Municipal de Educação, está inaugurando nesse sábado, uma exposição alusiva aos 50 anos da conquista lunar ocorrida em 20 de julho de 1969. Ela estará aberta até 27 de julho. Além da exposição, acontecerão sessões de vídeo sobre o programa espacial americano que culminou com o pouso do módulo lunar “Águia” da Apollo 11 no Mar da Tranqüilidade. Na época, o responsável pelo Observatório, Nelson Travnik , trabalhando no Observatório Astronômico Flammarion de Matias Barbosa, MG, foi um dos credenciados pela NASA-JPL-SMITHSONIAN INSTITUTION, para efetuar no Brasil observações intensivas da Lua durante as missões Apollo 8, 9 10 , 11 , 12 e 13 no contexto do Programa LION , ‘Lunar International Observers Network’, que no Brasil foi coordenado pelo astrônomo chefe do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, Dr. Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. O Programa foi criado tendo em vista certos fenômenos que aconteciam na superfície lunar que não tinham uma explicação satisfatória e poderiam representar algum perigo na hora da alunissagem. A exposição além de documentos da época, revistas, fotografias e sessões de vídeo, conta ainda com uma curiosidade : a cópia da nota fiscal alusiva a remessa de 100 recipientes de ½ L da água mineral da Fonte São Sebastião de Lindóia, SP, selecionada pela NASA para uso dos astronautas da Apollo 11. Na decisão da NASA pesou muito a visita a essa cidade feita pela celebre madame Curie e sua filha Iréne em 1926 que atestou a qualidade excepcional de radioatividade da água, poder diurético e sais minerais.
O Observatório abre para visitação pública todos os sábados das 18:30 ás 21:30 . Não é necessário agendamento, a entrada é franca, não há limite de idade e há amplo estacionamento. Maiores informações pelo telef. 19-3413.099.Informações : http://observatoriopiracicaba.blogspot.com.br

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O HOMEM FOI REALMENTE A LUA?

Imagem: Wikipedia

Nelson Travnik
No próximo dia 20 de julho, o mundo estará lembrando 50 anos do memorável vôo da Apollo 11. Por mais inverossímil que possa parecer e em que pese as publicações científicas com os resultados das análises das rochas trazidas pelos astronautas num total de 392,4 quilos, e das fotografias e imagens transmitidas ao vivo na primeira transmissão internacional da TV via satélite, algumas pessoas colocam em duvida se realmente o homem esteve na Lua. É bom lembrar que as rochas lunares são fortemente impregnadas por todo tipo de radiações que vem do espaço e atingem inclemente sua desprotegida superfície o que não acontece com a Terra. Os astrônomos que atendem milhares de pessoas nos observatórios e planetários, as vezes são surpreendidos por essas perguntas. O assunto aparece as vezes nos meios de comunicação uma vez que o fantástico sempre atrai mais e rende significativos dividendos.
Nota-se que é algo predominantemente de pessoas mal informadas ou tomadas por misticismo como a Lua sendo algo do domínio divino, não permitindo ser “invadida” pelos humanos pecadores. Sendo assim, colocam em duvida as alunissagens das Apollos 11, 12 , 14 , 15 , 16 e 17 como sendo uma encenação montada pela NASA ao estilo de Hollywood.
Outros há que, embevecidos pelos êxitos espaciais da ex-União Soviética sempre à frente dos americanos, não se conformam que os Estados Unidos tenham vencido a corrida espacial de colocar o primeiro homem na Lua. Entorpecidos pela ideologia marxista, relutam em admitir o óbvio. Os soviéticos, prevendo a glória americana, haviam lançado dias antes da Apollo 11, uma nave sem tripulantes, a Lunik 15, para recolher amostras do solo lunar e retornar a Terra. Mas a máquina não conseguiu superar o homem e se espatifou sem controle na superfície da Lua, horas depois do pouso perfeito do módulo ‘Aguia’ pilotado por Neil Armstrong e Edwin Aldrin. Tenho um livro em língua alemã com 278 páginas do escritor Gernot L. Geise, editora EFRON sob o título “Der Grösste Betrug des Jahrhunderts ?”, “A Grande Fraude do Século ?”, que em dezenas de analise de fotográficas, dados e informações divulgadas pela NASA, questiona o feito e aponta erros nas fotografias colocando duvidas sobre sua veracidade.
Pelo visto, após 50 anos, parece que o fato do homem ter pisado o solo lunar ainda não foi aceito nem compreendido por uma ínfima parte da população. É lícito lembrar que 420 mil pessoas trabalharam pesado, 20 mil empresas ajudaram a NASA para conseguir os 24,5 bilhões de dólares necessários para o projeto Apollo e tudo isso para culminar numa encenação ? Algumas pessoas até hoje colocam em duvida a presença do homem na Lua em razão de algumas questões que levantam como : Aquela imagem de Neil Armstrong descendo do modulo lunar ‘Águia’ como primeiro ser humano a descer em nosso satélite foi tirada por quem ? Aquela bandeira americana parecendo tremular seria possível na Lua ? As pegadas dos astronautas no solo lunar só poderiam ser feitas em solo úmido e como na Lua ele não existe,como aparecem nas fotos ? O homem foi realmente a Lua ou não passou de uma filmagem feita em algum estúdio nos Estados Unidos ? Em primeiro lugar, quem está descendo do modulo lunar ‘Águia’ não é N. Armstrong e sim E. Aldrin fotografado pelo primeiro. A distância do traje espacial com a viseira não distingue quem é quem. Portanto Aldrin é que aparece na fotografia. Quanto a bandeira, é impossível ela tremular porque não existe atmosfera na Lua para que isso pudesse acontecer. O que dá a impressão de tremular são simplesmente dobras que se vê na montagem feita pelos astronautas ao desembrulharem a bandeira. Não existe solo úmido na Lua e as pegadas são produto de uma superfície onde tem muita poeira. Por último, o homem não somente foi a Lua como levaram um veículo lunar nas missões Apollo 16 e 17. Ademais, pedaços de rochas lunares foram distribuídas em universidades americanas e algumas no exterior. No Brasil, a UFRGS foi contemplada com um pedaço.
A comprovação final que o homem esteve na Lua foi feita pelas fotografias obtidas pela sonda “Lunar Reconnaissance Orbiter Camera LROC da NASA-JPL” no período de 10 a 15 de junho 2009, que fotografou todos os seis módulos deixados na superfície lunar pelos astronautas nas missões Apollo 11, 12, 14 , 15 , 16 , e 17. Acredito que em breve outras sondas também irão fotografar as pegadas dos astronautas uma vez que, a bandeira recentemente foi fotografada. Quando isso acontecer, espero que não surjam pessoas para dizer que as pegadas são de algum alienígena ou de um espírito materializado.
Nelson Travnik é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

O SUICÍDIO DO COMETA SHOEMAKER-LEVY 9


Nelson Travnik
Em Júpiter foi uma alfinetada. Na Terra teríamos a destruição da civilização. Há 25 anos o maior evento cósmico da era atual.
  
Muitas gerações irão passar sem que seja observado um evento comparável ao que foi visto em julho de 1994, tendo como palco o gigantesco mundo de Júpiter. Tudo começou com a descoberta por três caçadores de cometas, Eugene Shoemaker, sua esposa Carolyn e David H. Levy de um cometa na noite de 23/24 de março de 1993, utilizando uma câmara Schmidt do Observatório de Monte Palomar, EUA. No dia seguinte, ao examinar as fotografias, Carolyn levou um susto: venham ver que coisa estranha, gritou para os dois companheiros. No filme apareciam minúsculos pontos brilhantes enfileirados como um colar de pérolas. A noticia foi repassada em seguida para o astrônomo Brian Marsden, responsável pela catalogação e descoberta de cometas da União Astronômica Internacional sediada em Massachusetts, EUA. Ele identificou e viu que era um cometa. Os cálculos orbitais iniciais indicavam que ele havia ultrapassado o limite de Roche de Júpiter no dia 8 de março de 1992 e essa aproximação foi fatal em razão do imenso campo gravitacional desse planeta. Júpiter é como um “aspirador cósmico”, sempre responsável por alterar órbitas de cometas que dele se aproximam, mas dessa vez, contudo, havia provocado a ruptura do núcleo do cometa em 21 pedaços de 1 a 4 quilômetros de diâmetro e com massa inicial prevista de 10 quilômetros. Com isso sua órbita havia sido alterada e novos cálculos indicavam que ele estava assumindo uma rota de colisão com o planeta gigante nas latitudes de 43º e 45º do hemisfério sul como de fato aconteceu. A partir daí, programas internacionais de observação monopolizaram astrônomos de todo o planeta. Afinal, tratava-se de uma oportunidade única de presenciar um evento planetário passível de só acontecer em centenas ou milhares de anos. 

 
AS OBSERVAÇÕES
Não só astrônomos bem como o telescópio espacial Hubble, a sonda Voyager-2 bem como a Galileu a caminho de Júpiter – considerada na ocasião a mais favorável para observação dos impactos – foram monopolizadas para observação da maior colisão já observada pelo homem. Na ocasião também a sonda Ulysses sobrevoando o pólo sul do Sol, ficou encarregada de captar emissões em rádio e ondas de choque dos impactos. O Hubble fez observações em luz visível e no ultravioleta. Também os rádio-observatórios foram convocados para observação dos impactos que poderia resultar distúrbios na magnetosfera de Júpiter e que poderia resultar num fenômeno visual do tipo aurora. Os impactos foram calculados para acontecer dos dias 16 a 22 de julho de 1994. Os cometas compostos de rocha, gelo e poeira, são testemunhas da formação do sistema solar, antiqüíssimos andarilhos que perambulam entre os planetas. Apesar do gigantesco volume da coma e da cauda quando gradativamente se aproximar do Sol, seu núcleo não excede os 23 quilômetros de diâmetro.

UM ESPETÁCULO INIGUALÁVEL
Cada fragmento do cometa deslocando-se a 200 mil km/h aproximadamente 215 vezes mais rápido que um Boeing ou o suficiente para cobrir a distância Rio – São Paulo em 6 segundos, iriam liberar uma quantidade de energia 50 mil vezes o arsenal nuclear da época, algo impensável para os padrões humanos. Os pedaços do cometa denominado “trem nuclear”, penetraram na espessa atmosfera de Júpiter a 60 km/seg. e iam sendo destruídos com o hidrogênio, hélio e outros gases numa imensa explosão. Os 21 fragmentos do cometa obedeceram numeração e letras. Os dias com horários dos impactos para o Brasil começou no dia 16 ás 16:50 com o fragmento A e terminou no dia 22 ás 05:21 com o fragmento W. Um dos maiores fragmentos, o G colidiu com Júpiter no dia 18 às 04:36 e criou uma mancha escura com cerca de 12.000 km de diâmetro liberando energia equivalente a 600 vezes todo o arsenal nuclear do mundo! Telescópios terrestres observaram a bola de fogo subindo da borda do planeta pouco depois do impacto inicial. O maior fragmento Q 1 com 3 a 4 quilômetros de diâmetro atingiu Júpiter no dia 20 e o resultado foi uma explosão apocalíptica, com clarão três vezes maior que o diâmetro terrestre! O clarão foi de tal ordem que foi refletido nos satélites Io e Europa, os maiores mais próximos do planeta. O nono fragmento K foi observado no dia 19 às 07:26 e foi visto pelo Observatório Anglo Australiano como uma imensa bola de fogo de gás superaquecido com brilho três vezes maior que o diâmetro da Terra. No Brasil, o clarão do fragmento L no dia 19 registrado na borda do planeta às 23:32, somente foi registrado pelos observatórios Nacional do Rio de Janeiro e Observatório Astronômico de Piracicaba, SP, e não demorou mais que 3 minutos. Em Piracicaba, estivemos associados ao programa “Júpiter Comet Watch” da Association of Lunar and Planetary Observers, ALPO, EUA. Júpiter tem uma rotação de 9h 55m e vários fragmentos colidiram no lado escuro do planeta mas foram registrados pela sonda Voyager 2 do seu ponto privilegiado no espaço. Os efeitos dos últimos fragmentos não puderam ser registrados devido as gigantescas e espessas nuvens resultantes das explosões anteriores. Elas permitiram através da análise espectroscópica, descobrir que a amônia e o sulfeto de carbono persistiram por 13 a 14 meses após as colisões. Depois de cada explosão, os astrônomos ficaram intrigados com enormes manchas escuras oriundas de cada explosão procurando uma razão sobre o que era feito este material. Elas foram de tal ordem que podiam ser vistas mesmo com modestos instrumentos. Visíveis por vários meses, foram desaparecendo gradualmente. Há evidências de que outros cometas no passado colidiram com Júpiter e seus satélites. Em Júpiter é impossível ver registro desses impactos em razão da sua espessa atmosfera, mas fotografias obtidas pelas missões Voyager, identificaram cadeias de crateras em Calisto e em Ganimedes que só poderiam ser feitas por cometas fragmentados. A experiência nas observações foi importante para os cientistas colherem preciosas informações no comportamento do cometa em sua órbita, durante os impactos, composição e a dinâmica que reinam na atmosfera joviana, além de abrir ampla discussão para avaliar as consequências devastadoras que poderia acontecer fossemos nós os atingidos. Nesse caso, você não estaria lendo esse artigo.


Nelson Travnik, é astrônomo, diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum/SP, e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

quarta-feira, 6 de março de 2019

OBSERVATÓRIO ABRE INSCRIÇÕES PARA CURSO DE ASTRONOMIA

Imagem: pixabay
O Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum, OAPES, órgão da Secretaria Municipal de Educação, SME, comunica que já se encontram abertas as inscrições para o curso “INTRODUÇÃO  A  ASTRONOMIA” com inicio no próximo sábado, dia 16.

O curso é gratuito e será realizado no Observatório aos sábados das 17 ás 19 horas. Serão 5 aulas com recursos visuais, modelos pedagógicos e sessões para conhecimento dos instrumentos utilizados pelos astrônomos bem como observações dos astros em evidência. O Observatório está situado no km 3 da Rodovia Fausto Santomauro, SP 127 que liga Piracicaba a Rio Claro.

Com 40 vagas, as inscrições poderão ser feitas pelo telef. 3413.0990 ou pelo e-mail : nelson- travnik@hotmail.com  , terças ás sextas-feiras das 09 ás 11 horas. Ao final serão fornecidos Certificados de Participação. Esse é o primeiro dos três cursos planejados para 2019 e será ministrado pelo astrônomo Nelson Travnik. A idade mínima para participar é de 15 anos.

Os objetivos do curso é de que as pessoas se capacitem a entender a importância que a Astronomia e Ciência Espacial assume nos dias atuais .

domingo, 3 de março de 2019

MACHU PICCHU E OS MISTERIOS DAS CIVILIZAÇÕES ANDINAS


Como foi possível adquirir tantos conhecimentos astronômicos, cortar e remover pedras de toneladas ? Observatório convida especialista para abordar o fascinante assunto que intriga gerações de estudiosos.
No próximo sábado, 09, com entrada franca, o astrônomo e pesquisador da civilização Inca, Prof. Carlos H. Amaral de Andrade, diretor do Observatório Municipal de Americana e representante no Brasil do “Projeto INTI”, fará ás 19h30 uma palestra no Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum, órgão da Secretaria Municipal de Educação abordando algumas questões que tem intrigado há anos os pesquisadores.
A palestra tem como objetivo o entendimento das civilizações pré-colombianas, incas e pré-incas, através de estudos da sua arqueologia e conhecimentos astronômicos. Irá também mostrar teorias sobre como foi possível aos incas (uma das civilizações estudadas) cortar, remover e unir pedras de toneladas com várias faces sem que para isso contassem com a ajuda de “deuses astronautas”.
A palestra irá abordar também aspectos do chamado Turismo Científico Cultural, onde as pessoas irão conhecer detalhes de uma viagem aos Andes para conhecer os mais importantes sítios, construções e monumentos da civilização Inca (projetointi.blogspot.com.br). O astrônomo também estará à disposição para responder perguntas dos interessados. As excursões a Machu Picchu desponta como um dos destinos preferidos por aqueles que se interessam conhecer mistérios e aspectos das grandes edificações feitas pelas civilizações antigas.

SERVIÇO
O Observatório fica no km 3 da rodovia Fausto Santomauro, SP 127, que liga Piracicaba a Rio Claro. Apenas 40 lugares estarão disponíveis. A idade mínima para assistir a palestra é de 14 anos. O Observatório possui amplo estacionamento. Após a palestra, mediante condições atmosféricas favoráveis, serão realizadas observações dos astros em evidência com destaque para as belezas das constelações de Orion , Touro e o Cão Maior. A programação se estenderá até ás 22h00.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

SOB O LUMINOSO CÉU DO BRASIL


Há cem anos a Relatividade de Einstein era confirmada no Brasil e pouca gente sabe que os conceitos da ciência no século XX mudaram radicalmente após um eclipse total do Sol tendo como palco a cidade de Sobral no Ceará.
Por Nelson Travnik(*)
A partir do dia 10 de maio de 1919, a cidade com apenas 10 mil habitantes foi surpreendida com a chegada de astrônomos brasileiros, ingleses e americanos. Na Praça do Patrocínio (fig. 1) em frente a igreja, várias tendas com um arsenal de instrumentos científicos começaram a ser montadas. Tudo teria que estar pronto para a manhã do dia 29, dia do eclipse. A equipe brasileira era composta por Henrique Morize, Domingos Costa, Lélio Gama e Allyrio de Mattos, todos do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, ON. A inglesa por Charles R. Davidson e Andrew Claude de La Cherois Crommelin do Real Observatório de Greenwich e a americana por Daniel Wise e Andrew Thomson,

comissionados pela fundação Carnegie Institution de Washington, interessada nos possíveis efeitos do eclipse sobre o magnetismo terrestre. A equipe brasileira instalou um fotoheliógrafo Zeiss com objetiva de 10,5 cm com a missão de fotografar a coroa solar, e a inglesa um celostato com os dois espelhos direcionados a uma luneta com objetiva de 33 cm diafragmada para 20,3 cm e uma outra de 10,1 cm, ambas para o teste da possível curvatura do raio luminoso de estrelas próximas ao bordo solar.


PORQUE SOBRAL?
A faixa de totalidade com 130 km de largura, começou no Peru, Brasil, Oceano Atlântico, Ilha do Príncipe, África Central e Moçambique. Após consenso geral, os melhores locais escolhidos foram o Brasil e a Ilha do Príncipe, (fig. 2). No Brasil, após criterioso exame, os astrônomos optaram por Sobral em pleno sertão cearense por várias razões: próxima a linha de centralidade; tempo de exposição da luz solar que oferecia durante o eclipse; facilidade no transporte dos instrumentos pela Estrada de Ferro Viação Cearense e pelo apoio logístico oferecido pelo ON. Sobral encontrou-se, pois, no lugar e no tempo certo para ser palco de um espetáculo científico que trouxe profundas repercussões científicas para a humanidade.

O GRANDE DIA
As atenções do mundo inteiro estavam convergidas para Sobral e a Ilha do Príncipe. Seria uma oportunidade única para comprovar se a teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein (1879-1955) estava correta segundo a qual a luz de uma estrela passando de raspão por um corpo maciço, no caso o Sol, seria levemente desviada de sua posição original devido a deformação do espaço pela gravidade do Sol. Conhecida a posição da estrela antes, durante e depois do eclipse, essa posição seria alterada devido a força gravitacional do Sol deformando o espaço (fig. 3). Em Sobral, o inicio do eclipse estava previsto para às 08:56 com duração de 6 minutos e 14 segundos, um tempo ótimo considerando o máximo previsto de um eclipse total do Sol
de 7 minutos e 14 segundos. Mas o tempo amanheceu com forte nevoeiro causando grande apreensão nos astrônomos. Contudo, como num passe de mágica, 5 minutos antes da totalidade, dissipou-se o nevoeiro deixando o Sol num campo livre e desembaraçado para a obtenção das fotografias desejadas. A equipe brasileira obteve 7 chapas e a inglesa 19 chapas com a luneta de 20,3 cm e 8 com a luneta de 10,1 cm, num total de 27 chapas sendo 8 consideradas muito boas.

 As exposições fotográficas variaram de 5 a 58 segundos. A mais famosa fotografia foi obtida por Henrique Morize do   ON (fig. 4) mostrando uma grande protuberância chamada “Tamanduá” pela semelhança com esse animal. Todo o eclipse com as fases parciais terminou às 10:29.


EINSTEIN X NEWTON
Segundo Isaac Newton (1642-1727), os raios de luz não têm massa e não teriam sua trajetória afetada pela gravidade. Para ele, o espaço-tempo eram absolutos e não falava nada sobre aceleração e tampouco sobre a curvatura do espaço. Com a teoria da Relatividade Geral, Einstein explicou primeiramente um fenômeno que a física newtoniana não explicava: o avanço do periélio de Mercúrio após múltiplas órbitas. Entretanto, para derrubar Newton de seu pedestal intocável por mais de três séculos, a comunidade de físicos exigiam mais. Ademais, Einstein era alemão e os ânimos contra a Alemanha estavam acirrados em 1919 após o armistício de 1918. Na Inglaterra muitos olhavam torto para a idéia de patrocinar expedições a cantos remotos do planeta com objetivo de comprovar a teoria de um alemão com sua teoria revolucionária e mesmo audaciosa revolucionando a concepção do espaço-tempo e gravidade. Entretanto, como a ciência paira sempre acima da estupidez humana, a Relatividade Geral de Einstein que descreve a distorção do espaço-tempo quando um raio de luz se encurva, ao passar por um corpo de muita massa, precisaria ser provado experimentalmente e nada melhor que um eclipse total do Sol. Segundo Newton, uma estrela atrás do Sol não poderia ser vista. Einstein dizia que sim e calculou que o desvio dos raios de uma estrela próxima a borda solar seria de 1. 75” segundos de arco, durante um eclipse total do Sol. Confrontando com sua posição original, ela se mostraria alterada devido a deformação do espaço pela força gravitacional do Sol. No eclipse de 29 de maio o Sol estaria na constelação do Touro (fig.5) numa região rica de estrelas brilhantes e isso era um fator altamente favorável para provar a teoria.
A COMPROVAÇÃO DE EINSTEIN


No dia do eclipse o tempo esteve chuvoso na Ilha do Príncipe e só duas chapas foram conseguidas, mas somente uma apresentou estrelas com resultados precários e bastante incertos. Ela não permitiu a equipe chefiada por Arthur S. Eddington (1882-1944)  do
Observatório Real de Greenwich, provar a contento a teoria de Einstein. Ao contrário, 8 chapas obtidas pelos ingleses em Sobral foram consideradas muito boas e 7 estrelas (fig. 5) apareciam nelas. As medidas deram o valor de 1.98” segundos de arco de deflexão da luz, muito próximo do previsto por Einstein de 1.75” segundos de arco. Os resultados confirmando o chamado efeito Einstein, só foi possível ao se comparar as chapas do dia 29 de maio com chapas obtidas posteriormente nos dias 10, 13, 14, 16 e 17 de julho, na mesma região do céu onde o Sol estivera antes, no mesmo local e com os mesmos instrumentos. Os resultados foram divulgados em 6 de novembro de 1919 no famoso encontro da Royal Society em Londres. No dia seguinte, manchetes ocupavam os jornais de todo o mundo. Na Inglaterra, particularmente em Londres, o impacto foi enorme e produziu manchetes como: “A teoria do alemão Einstein suplantou a teoria do inglês Newton”. No Times: “Uma revolução na ciência: as idéias de Newton estão arruinadas”! A observação do eclipse solar em Sobral, foi a primeira comprovação convincente da Relatividade Geral. Atualmente não se usa mais eclipses solares totais para comprovação da teoria e sim ondas de rádio emitidas por quasares e detectadas por rádio telescópios. Mais tarde Einstein visitou o Brasil de 4 a 12 de maio de 1925, ocasião em que disse: “O problema concebido pelo meu cérebro, incumbiu-se de resolve-lo o luminoso céu do Brasil”.

(*) Nelson Travnik é astrônomo, diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.


Referências – Para conhecer mais
  • Einstein no Brasil, Marcomede R. Nunes, ON, Editora Régis Aló, 2005;
  • Astronomia no Ceará, Rubens de Azevedo, IOCE, Fortaleza, 1986;
  • Correio da Semana, jornal de Sobral, dias 17, 24 e 31 de março e 12 de julho de 1919;
  • Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Ronaldo R. F. Mourão, Editora Nova Fronteira, 1995;
  • Testing Relativity from the 1919 Eclipse a question of bias, Daniel Kennefick, American Institute of Physics, 2009;
  • A Determination of the Deflection of Light by the Sun’s Gravitational Field, from Observations made at the Total Eclipse of May 29, 1919, by Sir F. W. Dyson, F. R. S. Astronomer Royal, Prof A. S. Eddington, F. R. S. and Mr. C. Davidson;
  • Observatório Nacional 185 Anos, Terezinha Rodrigues, ON, 2012;
  • História do Observatório Nacional, Antonio A. Passos Videira, gráfica Duo Print, 2007.


Agradecimentos
Ao Dr. Julio Penereiro, astrofísico do Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini, pela revisão e sugestões ao presente artigo.



sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

O ECLIPSE TOTAL DA LUA DE 21 DE JANEIRO

Eclipse Lunar . Imagem: Wikipedia






O Eclipse Total da Lua na madrugada do dia 21 de janeiro próximo, será visível integralmente no Brasil com as etapas nos seguintes horários (fuso GMT – 3h e com acréscimo de + 1 hora do Horário de Verão, hora de Brasília)

Entrada da Lua na penumbra : 00:36
Entrada da Lua na sombra : 01:33
Inicio da totalidade : 02:41
Meio do eclipse : 03:12
Fim da totalidade : 03:43
Saída da Lua da sombra : 04:50
Saída da Lua da penumbra : 05:48

NO OBSERVATÓRIO ASTRONÔMICO DE PIRACICABA ELIAS SALUM
O Observatório abrirá ao publico para observação do eclipse a partir da 01h00 da madrugada encerrando ás 04:00. Vários telescópios serão utilizados bem como binóculos. Haverá projeção do eclipse em um telão. A entrada é franca, não é necessário agendamento, não há limite de idade e há amplo estacionamento. Lembrando para os que não puderem ir ao Observatório, que o eclipse poderá ser visto de qualquer ponto da cidade.

O FENÔMENO TEM ALGUMAS PARTICULARIDADES INTERESSANTES
O eclipse não será central pois não passará no centro do cone de sombra da Terra. O diâmetro do cone de sombra onde passará a Lua será de 9.800 km enquanto o do globo lunar é de 3.476 km. A totalidade irá durar 62 minutos e vai ocorrer muito próxima a Lua na menor distância a Terra,(perigeu), 357.714 km e por isso este eclipse está sendo chamado de Eclipse Lunar de Perigeu. Nessa posição sua velocidade angular é 29% superior quando ela se encontra na posição mais afastada da Terra (apogeu). Isso porque a excentricidade da órbita lunar é bastante forte, três vezes maior que a orbita terrestre ao redor do Sol. Com a Lua alta no céu, é um eclipse altamente favorável no Brasil. Quando da totalidade será possível ver que ela está na constelação de Câncer. Ao observar a sombra da Terra na Lua convém lembrar que ela se desloca a razão de 1km/s. Mesmo imersa totalmente no cone de sombra da Terra, ela não desaparece por completo porque a atmosfera do nosso planeta retrata os raios solares e eles ao atingir a Lua assumem uma tonalidade condizente com o estado da nossa atmosfera devida a poeira e gases ejetados pelas erupções vulcânicas , grandes incêndios e até por gases das fábricas. As grandes erupções vulcânicas de 2018 e grandes incêndios ocorridos particularmente nos Estados Unidos e na Europa é de molde a prever que a Lua deverá assumir uma tonalidade avermelhada/alaranjada. Esse eclipse pertence ao Saros nº 134. A melhor visão do eclipse será com binóculos e instrumentos de curta distância focal. Não é necessário nenhuma proteção a vista. Belas fotografias da fase parcial e principalmente da totalidade poderão ser obtidas com as câmaras digitais.

IMPORTÂNCIA
Ao contrário dos eclipses totais do Sol que são fontes de preciosas pesquisas, os lunares estão praticamente esgotados. Contudo para os ambientalistas, a coloração que a Lua oferece nessas oportunidades, é muito importante para medir o grau de poluição da nossa atmosfera. Outrossim, os eclipses são bastante úteis aos historiadores para datação de importantes eventos antigos da humanidade. O fenômeno é também importante para que os professores trabalhem o assunto com os alunos fazendo-os compreender o mecanismo do eclipse , empreendendo uma descrição e cronometragem dos instantes do eclipse. Tudo isso sendo possível com binóculos ou pequenas lunetas.