sábado, 25 de julho de 2020

TEMPUS FUGIT - CARPE DIEM


Nelson Travnik

Carpe Diem Aproveite O Dia - Imagens grátis no Pixabay
Imagem: Pixabay
Desde os albores da civilização, o calendário apoiado na rotação e translação da Terra ao redor do Sol, ensina-nos a contar nossos dias e nossos anos. A sabedoria do tempo se resume em duas frases : Tempus Fugit , o tempo passa célere, tudo é efêmero. A segunda também aconselha: Carpe Diem , aproveite o dia como se fosse um fruto maduro e delicioso que precisa ser comido hoje para que não esteja bom amanhã. Não é possível sentir o perfume das flores que já morreram. Não é possível sentir o perfume das flores que não nasceram. Só é possível sentir o perfume das flores que estão abertas hoje. O passado é o lugar da vida que não mais é. O futuro é o lugar da vida que ainda não aconteceu e não há nenhuma certeza de que vá acontecer. Tempo sem fim é insuportável. Já imaginaram um livro sem fim, um poema sem fim, uma musica sem fim, um beijo sem fim? Tudo que é belo tem de terminar. Beleza e morte caminham de mãos dadas. Quando nascemos estamos programados para morrer. Quando nascemos todos sorriem. Quando morremos todos choram e só nós sorrimos. Deixamos o corpo como uma roupa usada e nos revestimos de outra nova. Porque a alma é imortal e certamente iremos caminhar numa vereda de luz, tranqüilidade e paz. Em nossa vida terreal, há contudo momentos fugazes que justificam toda uma existência . É quando os olhares se cruzam e você depara com uma possível alma gêmea. As vezes é uma ilusão, termina e renasce um novo amor, um momento mágico que dura até os momentos finais. Vivemos sob o feitiço do tempo e de repente achamos que a vida é como uma sonata que começa e deve terminar como na velhice. Puro engano. Vivemos no tempo mas é a eternidade que dá sentido a vida. Quando em nós desperta um sonho rumo a um objetivo na vida e sobre ele nos lançamos com toda a força da alma, tudo conspira a nosso favor. É isso que dá sentido a nossa efêmera existência. Se somos programados para a vida além da vida, a ciência chegou a um consenso: o cérebro foi desenvolvido pelas forças evolutivas para extrair sentido do mundo que nos rodeia. As descobertas da física quântica sobre o tempo proporcionam uma pista de que a morte não corresponde necessariamente ao termino da existência de um ser e sua finalidade se relacionaria também a existência da alma . Muitas milenares e modernas filosofias apontam também para uma evolução espiritual. Elas permeiam o imaginário e estão nas conversas, livros, revistas, filmes, documentários e em muitos livros sagrados . Se Deus é uma invenção humana, como afirma o ateísmo, por que cair no ridículo tentando conversar com ele ? Há poucos anos rezava-se cada vez menos e isso só acontecia nos momentos de extrema necessidade. Essa idéia parecia definitiva mas bastaram umas poucas voltas da Terra ao redor do Sol e a sonda americana Voyager 2 fotografar a Terra como um diminuto e quase imperceptível pálido ponto azul, para que as pessoas voltassem sobre si mesmo e redescobrissem o valor da prece como um canal de comunicação com o divino. Atualmente nem as potentes câmeras da sonda americana Voyager 2 conseguem mais visualizar nosso planeta. Perdido na imensidão cósmica, toda sua história, conquistas, deuses e heróis, nada significam. E nessa contemplação retrospectiva, as pessoas sentem atualmente um inusitado interesse e fascínio pela existência da alma e com a vida após a morte. São questões que repousa na fé de cada um mas que há muito vem sendo também objeto de pesquisa científica.
Nelson Travnik é astrônomo, diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum, SP e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

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