domingo, 19 de novembro de 2017

NOSSA BANDEIRA: NOSSO MAIOR ORGULHO


Nelson Travnik

Nesse domingo estamos comemorando o Dia da Bandeira. A Bandeira do Brasil é uma das mais belas e sugestivas do mundo e também a única que representa grande parte do firmamento que envolve a Terra. É a mais completa ilustração já imaginada para uma bandeira nacional.
A data de 19 de novembro foi instituída através de decreto em 1889. A bandeira que conhecemos hoje é uma versão moderna da utilizada quando o Brasil era um Império. As cores representavam a família real: o verde em homenagem a D. Pedro II e o amarelo a imperatriz Leopoldina. A nova bandeira foi estabelecida pelo decreto nº 4 de 19/11/1889, redigido por Rui Barbosa e assinado pelo Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisório, Quintino Bocaiúva, Aristides da Silveira Lobo, M. Ferraz de Campos Sales, Benjamin Constant Botelho de Magalhães, Eduardo Wandenkolk e Rui Barbosa que manteve as cores originais, mas a simbologia ganhou outros significados: o verde das matas, o amarelo das riquezas, o azul do céu e o branco da paz.

O hasteamento da Bandeira ao som do Hino Nacional é sempre um momento de muita emoção, patriotismo e que nos remete ao passado, ao presente e ao futuro, cientes de que, em momento algum nos curvaremos a quaisquer tentativas de adulteração de suas cores. Algumas escolas mantém cerimônia de hasteamento. 

UM CÉU DE POLEMICAS

O céu estampado na bandeira corresponde a uma visão da esfera celeste inclinada segundo a latitude do Rio de Janeiro, local da Proclamação da República, ás 08h30 do dia 15/11/1889.  Uma consulta a uma simples carta do céu bem como, se nessa hora acontecesse no Rio um eclipse total do Sol, mostraria que o céu da bandeira está às avessas. A posição das estrelas não coincide em suas posições e magnitudes aparentes. O erro mais grosseiro é a do Cruzeiro do Sul onde a posição da estrela épsilon, conhecida.





 como “intrometida” e que representa o Estado do Espírito Santo, está invertida bem como, entre outras, a constelação do Escorpião. Ninguém observa esse aspecto do céu e nunca o observou. Cumpre lembrar que as bandeiras da Austrália, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné e Samoa Ocidental também ostentam a constelação do Cruzeiro do Sul, contudo, tal como a vemos no céu. A reação não se fez esperar e a questão foi debatida nos jornais, na tribuna do Congresso e até o povo foi instado a opinar. Mas tudo ficou esquecido. Os legisladores na ocasião procuraram uma justificativa para amenizar e convencer os leigos que aquele céu visto ás 08h30 no dia 15 de novembro, em pleno dia, estaria refletido nas águas da baia da Guanabara!!!  Outros argumentaram que era o céu visto por um observador situado fora da esfera celeste o que implicava ser um astronauta quando tal não era ainda sequer cogitado.  Aliás, é o que mais tarde foi inserido na Lei nº 5.443 de 28/05/1968. Art. 3º, § 1º, para justificar o erro.  

O QUE FAZER?
O projeto poderia ser realizado corretamente com a tarefa a cargo dos astrônomos do Observatório Nacional que estavam ali pertinho, no bairro de São Cristovão. Porque isso não foi feito? Talvez por puro revanchismo. Os republicanos sabiam que o Imperador era astrônomo amador, amava Astronomia, tinha um pequeno observatório no telhado do Palácio Imperial de São Cristovão, hoje Museu Nacional, frequentava o então Imperial Observatório, custeava expedições científicas para observação de raros fenômenos celestes, contratava renomados astrônomos europeus para aqui trabalhar e era Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.  Mais tarde foi imortalizado no asteróide “Brasilia” por A. Charlois (1864-1910) do Observatório de Nice, França. Reproduzindo o céu de forma correta mostraria o céu tal qual o vemos e que pode ser conferido no dia 20 de maio ás 20h00 pois a situação se repete com o Cruzeiro do Sul alto no céu no meridiano do Rio de Janeiro. A faixa ORDEM E PROGRESSO, que representa a Eclíptica estaria, também, disposta de forma mais correta no campo estelar com a palavra PROGRESSO na porção ascendente da faixa. Todos os erros astronômicos constam de dois livros: “A Bandeira Nacional” de Eduardo Prado publicado nem 1903 e depois pelo IBGE e “A Bandeira Nacional” de Rubens de Azevedo publicado em 1988 pela Edições Tukano, Artes & Literatura. A mudança seria simples, poucas pessoas notariam a diferença e o mais importante: mostraria o céu de acordo com o que vemos. Mas após décadas, fica difícil proceder modificações agora que todos estão solidários com a Bandeira. O mais sensato é, portanto, deixá-la como está e considerar então que tudo é simbólico e as estrelas nas constelações estão como se fossem atiradas ao acaso. “Cientes de que nada é perfeito, orgulhamo-nos de que a nossa Bandeira contenha lineamentos fundamentais de cultura humana, segmentos de nossa história e projetos permanentes de realizações futuras. A Bandeira ai está mais gloriosa que nunca “. (Raimundo O. Coimbra).

VOCÊ SABIA?
·       A bandeira pode ser hasteada e arriada a qualquer hora do dia ou da noite, mas normalmente isso é feito das 08h00 às 18h00. Apenas no Dia da Bandeira o hasteamento é realizado às 12h00 em solenidade especial.
·       A bandeira pode permanecer hasteada durante a noite, porém deve estar iluminada.
·       Quando várias bandeiras são hasteadas ou arriadas simultaneamente, a bandeira brasileira é a primeira a atingir o topo do mastro e a última a descer.
·       Quando o presidente do Brasil morre ou alguém muito importante e se decreta luto oficial, a bandeira deve ser hasteada a meio mastro.
·       Quando uma bandeira fica velha, ela é guardada até o dia 19 de novembro, quando é então queimada em uma cerimônia.
·       A Bandeira do Brasil é uma das poucas a não possuir as cores preta e vermelha, que são associadas a batalhas e sangue.


Nelson Travnik é astrônomo e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

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