Nelson Travnik
nelson-travnik@hotmail.com
Vagando pelo espaço existem objetos rochosos e/ou metálicos sem
atmosfera que orbitam o Sol. São os asteroides que podem ser vistos como
objetos individuais ou membros de uma população de corpos celestes.
Tudo começou após a criação
do Sistema Solar. Um gigantesco bombardeio de objetos que não participaram da
sua formação, passaram a colidir com os planetas e seus satélites. Essas marcas
são visíveis até hoje. Na Terra há cicatrizes em todos os continentes. Em nosso País existem doze
crateras de impacto sendo a mais exuberante a da Serra da Cangalha/TO, com 13 km de diâmetro.
Esta fase apocalíptica
terminou mas não impossível de acontecer casos isolados. O caso de Chelyabinsk na
Rússia em 15/02/13, concorreu para aumentar essa preocupação. O objeto de
aproximadamente 40 toneladas de massa, não fosse fragmentado na alta atmosfera,
teria destruído a cidade. Essa preocupação começou na verdade em julho de 1994
após a serie de impactos do cometa Shoemaker-Levy com o planeta Júpiter. O
chamado “trem nuclear” fosse na Terra e o leitor não estaria lendo essas
linhas. Para detectar asteróides que passam próximos à Terra, foi criado o
programa internacional NEO’s , Near Earth Objects. Atualmente são descobertos
100 NEO’s por mês. Os asteróides capazes de realizar aproximações ameaçadoras à
Terra são conhecidos por PHAs , Potentially Hazardous Asteroids. Os da família
Apollo já conta com 5.202 asteróides conhecidos, alguns com potencial chance de
impacto com a Terra. As descobertas de asteróides são catalogadas no “Minor
Planet Center”, Cambridge, Massachusets,, EUA. Atualmente são mais de 70.000
com denominação definitiva, o que indica terem uma orbita bem definida.
Astrônomos amadores em todo o mundo também colaboram no afã de detectar esses
objetos intrusos. A observação é difícil porque são escuros refletindo apenas
3% a 5% da luz solar. Os metálicos mais raros refletem um pouco mais, de 10% a
15%. Com fraco poder de refletividade (albedo) muitos passam desapercebidos e
quando detectados já estão sob nossas cabeças. O caso de Chelyabinsk é um
exemplo disso.
Ninguém
o havia detectado. Em Itacuruba, Pe, o Observatório Nacional no projeto
‘Impacton’, instalou um telescópio de 1 m de diâmetro robotizado fabricado na
Alemanha dedicado a busca de asteróides próximos à Terra. Nos últimos anos,
agências espaciais dos EUA, Europa e Ásia, trabalham juntas no intuito de criar
uma sistema de defesa real contra as ameaças de colisões desses astros com a
Terra.
METEOROS
Meteoros
popularmente conhecidos como estrelas cadentes, é o nome genérico dos fenômenos
que ocorrem na atmosfera da Terra. São simplesmente pedaços de matéria que
penetram na atmosfera e com o atrito com as moléculas de ar, se volatilizam
deixando atrás de si um rastro luminoso. São muito conhecidas as chamadas
chuvas de meteoros que ocorrem todos os meses e estão associadas aos cometas
que, ao se aproximarem do Sol a temperatura deste faz com que o componente gelo
misturado a poeira e detritos escapem de sua superfície e caiam na Terra ao
passar esta no ponto de intersecção com suas orbitas. Esses meteoros produzem
na atmosfera uma coloração que varia de conformidade com seus elementos
químicos. O verde indica magnésio, o alaranjado ferro, o azul lilás cálcio e o
amarelo sódio. A mais célebre chuva de meteoros da história foi a ‘Leonídea’
que ocorreu em 1833 quando foram vistos 150.000 por hora ! Existem no mundo
vários órgãos monitorando esses objetos. No Brasil isto é feito pela rede BRAMON,
Brazilian Meteor Observation e pela Estação EXOSS tendo como coordenador o
astrônomo Marcelo de Cicco.
METEORITOS
Já o termo meteorito são os
que conseguem vencer a atmosfera e atingem a superfície. 65% deles são
compostos quase que exclusivamente de ferro e níquel, chamados sideritos.
Outros 8% são os siderolitos, uma mescla de materiais rochosos e metálicos e
por fim os aerólitos compostos 27% de materiais rochosos. No espaço esses
objetos são conhecidos como meteoróides. Estimativas indicam que caem
anualmente 500 meteoritos na Terra. O mais famoso no Brasil é o Bendegó com
5.360 quilos que acha-se exposto no Museu Nacional no Rio de Janeiro. Alguns
deles são tão antigos ou mais que o próprio Sistema Solar e seu estudo
permite conhecer a matéria primitiva desses tempos longínquos. Acredita-se que
grande parte da água na Terra assim como a matéria orgânica abiótica necessária
a formação da vida (hidrocarbonetos) possam ter vindo nos cometas e meteoritos.
Alguns meteoritos são raríssimos: vieram da Lua e de Marte. Foram ejetados
desses astros por impactos de grandes corpos celestes e capturados pelo campo
gravitacional da Terra. Os lunares são conhecidos pelos astrônomos como
tectitos e tem uma coloração entre preto e esverdeado. Os mais famosos marcianos
são o Black Beauty encontrado no Saara e o ALH84001 encontrado na Antártida,
este último mostrando estruturas tubulares sugerindo fósseis de
microorganismos. Por fim existem também os raríssimos hidrometeoritos.
.
Em Campinas,SP, no dia 11/07/1997, uma pedra de gelo de 100/300 kg caiu no
telhado da fábrica Mercedes Benz. Quatro dias depois, um outro bloco de 60/80
kg caiu no Sítio São Luiz a 2
km da vizinha cidade de Itapira. Felizmente 10 kg recolhidos em Campinas
e alguns pedaços em Itapira foram imediatamente colocados em um freezer
permitindo que análises químicas feitas na UNICAMP, no CENA em Piracicaba, na
Divisão de Química da Petrobrás e até no Sandia National Laboratory dos EUA,
provassem sua origem extraterrestre. Chamado a opinar como membro da comissão
instituída pela UNICAMP, inclinei pela hipótese, face ao tamanho dos blocos, de
serem pedaços de núcleo de cometa. Embora muito remota, por incrível que possa
parecer, existem muitos registros de pessoas, casas, fábricas, automóveis e
animais vítimas dessas balas do espaço. Em 1836, em Macau, RN, há relatos de
vacas mortas atingidas por meteoritos. Em 28/06/1911 um cachorro foi atingido e
morto em Nakla no Egito. Em 1954 no Alabama, EUA, uma senhora foi atingida na
perna e um meteorito também nos EUA caiu na casa de John J. Mc Auliffe
perfurando a laje. Em 1992 na cidade de Peekskill, EUA alguns carros foram
atingidos por meteoritos e centenas de telhados perfurados.
Nelson Travnik é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba/SP,
e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.
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