Nelson Travnik
nelson-travnik@hotmail.com
No próximo dia 2, é o momento de reverenciarmos nossos
familiares e amigos que partiram para um outro plano. Saudades, lembranças,
preces e instantes de reflexão. A palavra cemitério vem do grego ‘koimeterion’
e significa ‘lugar onde dormir’. Em meio a jazigos ricamente construídos,
deparamos com alguns extremamente simples contendo belíssimas frases e
mensagens afetivas expressando o sentimento dos familiares. “Fui quem tu és,
serás como eu sou” é a frase que está no portal de um cemitério em Minas e que
nos leva a refletir sobre a efemeridade da vida. Ver que somente a moralidade
de nossas ações perpetua e confere beleza e dignidade a nossa existência.
OS MARCADORES
DO TEMPO
O tempo determina inexoravelmente a duração da nossa
existência e o mais antigo instrumento concebido pelo homem para medir isto é o
relógio do Sol. A partir de uma simples estaca no chão, os relógios do Sol
evoluíram em formas e tamanhos objetivando determinar a hora e com isto as
estações do ano e o calendário com a maior precisão possível. De extraordinário
valor pedagógico , histórico, cultural e turístico, eles se encontram nas mais
variadas formas em praças, escolas, paredes de prédios, igrejas, conventos,
mosteiros, fazendas antigas e estações de trem. No Brasil o mais antigo fica na
parede da igreja de São Francisco Xavier em Niterói, fundada pelo padre José de
Anchieta em 1572. Outro antigo e bonito exemplar encontra-se em Tiradentes, MG,
instalado em 1712 em frente a igreja de Santo Antonio. No País já foram catalogados
mais de 200 desses aparelhos. Esse levantamento foi realizado pelo Clube de
Astronomia do Rio de Janeiro, CARJ. O existente na Praça Nossa Senhora da
Conceição em Franca, SP, construído pelo frei Germano d’ Annecy em 1886, é
considerado o mais bonito. De várias faces, foi construído com mármore de
carrara.
RELÓGIOS DO
SOL EM CEMITÉRIOS ?
Por
mais estranho que possa parecer, existem no Brasil dois relógios do Sol em
cemitério. E todos eles em Minas Gerais. O primeiro se encontra em Belo
Horizonte, no Cemitério do Bonfim. Foi construído pelo escultor Eustáquio Pinto
a pedido do pai do falecido senhor Fenelon Ribeiro que foi associado nº 201 do
Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais, CEAMIG. Não há data de sua
construção mas é certo que foi entre os anos de 1980 e 1990. A informação é do
astrônomo e membro do CEAMIG, Antonio Campos. O segundo por mim construído em
2006, encontra-se instalado no Cemitério Municipal de Matias Barbosa, MG, no
túmulo perpétuo da família Travnik. É do tipo vertical em mármore branco contendo um Sol radiante. As pessoas que
visitam o túmulo constatam que ele marca a hora certa. Pequena diferença fica
por conta da chamada ‘equação do tempo’ pois ele marca a hora solar verdadeira.
A fotografia abaixo mostra detalhes do relógio.
Nelson Travnik é astrônomo, diretor do Observatório
Astronômico de Piracicaba, SP, e Membro Titular da Sociedade Astronômica da
França.
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