Robert Hutchings Goddard e o primeiro voo de foguete propelido a combustível líquido (gasolina e oxigênio), lançado em 16 de março de 1926, em Auburn, em Massachusetts, nos EUA. Imagem - wikipedia | I |
Nelson Travnik
Ainda
não se conhece a origem exata dos foguetes mas os chineses tendo
inventado a pólvora, há indícios que os utilizaram em 1232 quando
os mongóis sitiaram a cidade de Kai-Feng-Fu, capital de Honan. Os
chineses usaram contra eles uma arma descrita como “flechas de fogo
voadoras”. Serviram contudo mais para assustar que causar baixas.
Os mongóis venceram e adotaram a tecnologia. Nos papirus egípcios e
nos tijolos babilônicos, encontra-se menções a estranhas viagens a
Lua e ao Sol. A primeira tentativa para alcançar o céu deve-se
certamente ao mandarim Want-Fu o qual, centenas de anos antes de
Cristo, mandou que atassem em seu trono várias cargas de foguetes e
acendessem o estopim desaparecendo para sempre nas nuvens ...
Passados longos anos, há indícios que na Europa foguetes foram
usados contra o duque polonês Henry na batalha de Legnica em 1241.
Oito anos mais tarde em 1249, há relatos que também os árabes
usaram foguetes na península ibérica e que Valencia na Espanha foi
atacada por foguetes em 1288. Por volta de 1668, o coronel alemão
Christoph Friederich Von Geissler, projetou um foguete pesando 80
quilos e que carregava um explosivo de 10 quilos.
Foi
somente a partir do século XVII que a humanidade conheceria os
princípios teóricos do foguete graças ao físico inglês Isaac
Newton (1642-1727). A sua 3ª Lei diz que “A toda ação há sempre
uma reação oposta e de igual intensidade”, que toda ação é
acompanhada de uma reação em sentido contrário. O impulso de um
foguete vem pois da reação exercida pelo jato expelido na combustão
de gases. Essa força é chamada empuxo. Em 1810, a marinha inglesa
usou foguetes desenvolvidos por Willian Congreve (1772-1828) contra
Napoleão Bonaparte (1769-1821). Foguetes viram-se assim usados em
campanhas militares nos séculos 18 e 19 similares ao tipo
desenvolvido por Congreve.
No
século XX, enquanto os irmãos Whright nos EUA e Santos-Dumont em
Paris desafiavam a gravidade, o russo Konstantin E. Tsiolkovsky
(1857-1935) em seus livros “Um Trem Cósmico de Foguetes” (1929)
e “Sobre a Lua”, (1935), analisou com detalhes o funcionamento de
um foguete de múltiplos estágios para escapar o campo gravitacional
da Terra e alcançar a Lua. Notável previsão que seria adotada mais
tarde por Wernher Magnus Maximilian Von Braun (1912-1977) em seu
foguete Saturno V . Em 1915, ele concebeu um motor que usava
hidrogênio e oxigênio líquidos como propelente. O “Pai da
Astronáutica” como é conhecido, não deixou nenhum trabalho
experimental. Em 1920, o americano Robert Goddard (1882-1945) estuda
a propulsão por meio de foguetes e passa a utilizar o uso de
combustível líquido. Em 16/03/1926, realizou o lançamento de
foguetes movidos a gasolina e oxigênio. Com a publicação do seu
trabalho, “O Foguete no Espaço Planetário”, incentivou pessoas
de todo o mundo a se interessar no estudo da astronáutica.
E
Von Braun foi um deles. Apaixona-se pelas viagens espaciais
tornando-se membro da “Verein für Raumschiffahrt”, Sociedade
para Viagens Espaciais, criada em 1923 por Hermann Julius Oberth
(1894-1989). Em 1930 ela realiza o lançamento de um foguete com
combustível líquido. Sua vertiginosa carreira aproxima-se mais
tarde na base de foguetes em Peenemünde do também experto em
foguetes, general alemão Walter Robert Dornberger (1895-1980) com
quem trava amizade e permitem que, juntos a Hermann J. Oberth e o
austríaco Eugen Sänger (1905-1964), obtenham sucesso com o
lançamento do foguete V-2 ( V de Vergeltung-Vingança). O V-2
acelerava a 5.760 km/h e chegava a 110 km de altitude sendo assim, o
primeiro veículo espacial da história. Apesar da destinação
bélica do foguete, esses cientistas avançaram no tempo e sonhavam
com seu emprego em viagens espaciais. Terminada a guerra, Hermann J.
Oberth e Eugen Sänger foram para a Alemanha dominada pelos aliados
enquanto Von Braun se rendia a 44ª Divisão de Infantaria dos EUA
levando consigo 1500 técnicos e 14 toneladas de papeis . Em
Peenemünde os americanos conseguiram capturar uma centena de V-2
quase intactos. Von Braun foi “castigado” com um “empregão”
na NASA. Mais tarde Hermann J. Oberth se uniu a Von Braun criando
juntos vários mísseis. Em 1957 Von Braun é chamado para chefiar o
lançamento do satélite artificial Explorer 1 que ocorreu em
31/01/1958. Na noite de 25/05/1961, o presidente americano John
Kennedy perante uma sessão conjunta do Congresso americano em
Washington D.C., anuncia que até o final daquela década, os
americanos levariam o homem a Lua e o trariam de volta. A partir daí,
Von Braun passou a projetar com sua equipe o gigantesco foguete
Saturno V que colocaria o primeiro homem na Lua.
Na
corrida espacial entre russos e americanos, não houve perdedores. A
humanidade foi a grande vencedora.
Nelson
Travnik, é astrônomo, diretor do Observatório Astronômico de
Piracicaba Elias Salum,Membro Titular da Sociedade Astronômica da
França e LION Observer credenciado pela NASA NAS MISSÕES Apollo.
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