segunda-feira, 5 de agosto de 2019

A AERONAUTICA: DAS FLECHAS DE FOGO A APOLLO 11



Robert Hutchings Goddard e o primeiro voo de foguete propelido a combustível líquido (gasolina e oxigênio), lançado em 16 de março de 1926, em Auburn, em Massachusetts, nos EUA. Imagem - wikipedia
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Nelson Travnik
Ainda não se conhece a origem exata dos foguetes mas os chineses tendo inventado a pólvora, há indícios que os utilizaram em 1232 quando os mongóis sitiaram a cidade de Kai-Feng-Fu, capital de Honan. Os chineses usaram contra eles uma arma descrita como “flechas de fogo voadoras”. Serviram contudo mais para assustar que causar baixas. Os mongóis venceram e adotaram a tecnologia. Nos papirus egípcios e nos tijolos babilônicos, encontra-se menções a estranhas viagens a Lua e ao Sol. A primeira tentativa para alcançar o céu deve-se certamente ao mandarim Want-Fu o qual, centenas de anos antes de Cristo, mandou que atassem em seu trono várias cargas de foguetes e acendessem o estopim desaparecendo para sempre nas nuvens ... Passados longos anos, há indícios que na Europa foguetes foram usados contra o duque polonês Henry na batalha de Legnica em 1241. Oito anos mais tarde em 1249, há relatos que também os árabes usaram foguetes na península ibérica e que Valencia na Espanha foi atacada por foguetes em 1288. Por volta de 1668, o coronel alemão Christoph Friederich Von Geissler, projetou um foguete pesando 80 quilos e que carregava um explosivo de 10 quilos.
Foi somente a partir do século XVII que a humanidade conheceria os princípios teóricos do foguete graças ao físico inglês Isaac Newton (1642-1727). A sua 3ª Lei diz que “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”, que toda ação é acompanhada de uma reação em sentido contrário. O impulso de um foguete vem pois da reação exercida pelo jato expelido na combustão de gases. Essa força é chamada empuxo. Em 1810, a marinha inglesa usou foguetes desenvolvidos por Willian Congreve (1772-1828) contra Napoleão Bonaparte (1769-1821). Foguetes viram-se assim usados em campanhas militares nos séculos 18 e 19 similares ao tipo desenvolvido por Congreve.
No século XX, enquanto os irmãos Whright nos EUA e Santos-Dumont em Paris desafiavam a gravidade, o russo Konstantin E. Tsiolkovsky (1857-1935) em seus livros “Um Trem Cósmico de Foguetes” (1929) e “Sobre a Lua”, (1935), analisou com detalhes o funcionamento de um foguete de múltiplos estágios para escapar o campo gravitacional da Terra e alcançar a Lua. Notável previsão que seria adotada mais tarde por Wernher Magnus Maximilian Von Braun (1912-1977) em seu foguete Saturno V . Em 1915, ele concebeu um motor que usava hidrogênio e oxigênio líquidos como propelente. O “Pai da Astronáutica” como é conhecido, não deixou nenhum trabalho experimental. Em 1920, o americano Robert Goddard (1882-1945) estuda a propulsão por meio de foguetes e passa a utilizar o uso de combustível líquido. Em 16/03/1926, realizou o lançamento de foguetes movidos a gasolina e oxigênio. Com a publicação do seu trabalho, “O Foguete no Espaço Planetário”, incentivou pessoas de todo o mundo a se interessar no estudo da astronáutica.
E Von Braun foi um deles. Apaixona-se pelas viagens espaciais tornando-se membro da “Verein für Raumschiffahrt”, Sociedade para Viagens Espaciais, criada em 1923 por Hermann Julius Oberth (1894-1989). Em 1930 ela realiza o lançamento de um foguete com combustível líquido. Sua vertiginosa carreira aproxima-se mais tarde na base de foguetes em Peenemünde do também experto em foguetes, general alemão Walter Robert Dornberger (1895-1980) com quem trava amizade e permitem que, juntos a Hermann J. Oberth e o austríaco Eugen Sänger (1905-1964), obtenham sucesso com o lançamento do foguete V-2 ( V de Vergeltung-Vingança). O V-2 acelerava a 5.760 km/h e chegava a 110 km de altitude sendo assim, o primeiro veículo espacial da história. Apesar da destinação bélica do foguete, esses cientistas avançaram no tempo e sonhavam com seu emprego em viagens espaciais. Terminada a guerra, Hermann J. Oberth e Eugen Sänger foram para a Alemanha dominada pelos aliados enquanto Von Braun se rendia a 44ª Divisão de Infantaria dos EUA levando consigo 1500 técnicos e 14 toneladas de papeis . Em Peenemünde os americanos conseguiram capturar uma centena de V-2 quase intactos. Von Braun foi “castigado” com um “empregão” na NASA. Mais tarde Hermann J. Oberth se uniu a Von Braun criando juntos vários mísseis. Em 1957 Von Braun é chamado para chefiar o lançamento do satélite artificial Explorer 1 que ocorreu em 31/01/1958. Na noite de 25/05/1961, o presidente americano John Kennedy perante uma sessão conjunta do Congresso americano em Washington D.C., anuncia que até o final daquela década, os americanos levariam o homem a Lua e o trariam de volta. A partir daí, Von Braun passou a projetar com sua equipe o gigantesco foguete Saturno V que colocaria o primeiro homem na Lua.
Na corrida espacial entre russos e americanos, não houve perdedores. A humanidade foi a grande vencedora.
Nelson Travnik, é astrônomo, diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum,Membro Titular da Sociedade Astronômica da França e LION Observer credenciado pela NASA NAS MISSÕES Apollo.

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