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Toda a mística e fascínio pela Lua Azul está em que esse fenômeno não é comum. Conhecida como Blue Moon, o termo é na verdade impróprio pois não ocorre nenhuma alteração na coloração ou no luar. Há controvérsias da origem dessa expressão em língua inglesa, mas é certo que a associação da Lua com a cor azul já era usada na época de Shakespeare (final do século XVI, inicio do século XVII). Há um panfleto de 1528 com o primeiro registro de uma ‘lua azul’: If they say the moon is blue, we must believe that it is true. Se eles dizem que a Lua é azul devemos acreditar que é verdade. Mais tarde a Blue Moon deu seqüencia nos Estados Unidos num costume de dar nomes especiais as luas cheias de cada mês. A Lua de agosto por exemplo é chamada “Lua do milho verde”ou “ Lua dos grãos”; a de setembro “Lua da colheita”; a de outubro “Luada caça” e assim por diante.
Duas luas cheias, portanto, no mesmo mês caracteriza a Blue Moon. O termo inspirou o compositor Richard Rogers e o letrista Lorenz Harte nasua famosa canção ‘Blue Moon’, mais tarde magistralmente interpretada por Frank Sinatra. O fato de duas luas cheias no mesmo mês não constitui um fato raro mas nessa onda às vezes embarcam astrólogos e esotéricos ávidos para vaticinar nascimento, sexo, renovação, fortuna, emoções, amor e até encontro de almas gêmeas. Os videntes dizem que quando a Lua Cheia desponta no céu, basta colocar na carteira sete moedas de R$1,00 que dará bons resultados. A Lua também inspirou o compositor alemão Ludwig van Beethoven. Sua “Sonata ao Luar” é a maior consagração à Lua feita por um compositor. Mas voltando a Blue Moon, o intervalo médio da ocorrência das ‘luas azuis’ é de 2 anos e 8 meses, não se levando em conta as duplas ‘luas azuis’ de 1980, 1999 e que ocorrerá também em 2018 e 2037. A última vez que aconteceu duas luas cheias no mesmo mês foi em agosto de 2012. A maior freqüência de duas luas cheias é nos meses de 31 dias. A observação da Lua Cheia sempre atrai grande número de pessoas, notadamente crianças, aos observatórios astronômicos de todo País. Ver aquele círculo luminoso surgindo no horizonte é uma imagem que encanta e fascina desde os albores da humanidade. Por ocasião da Blue Moon, existe uma curiosidade inerente em algumas pessoas menos esclarecidas em achar que irão observar uma Lua realmente azul. As pessoas não são frustradas. Colocamos um filtro azul nos telescópios. E tudo acontece num ambiente alegre e descontraído ao som de músicas imortais exaltando a beleza do luar.
Nelson Travnik é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba/SP, e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França, SAF .
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