Nelson Travnik
nelson-travnik@hotmail.com
A grata efeméride foi escolhida durante o 2º Encontro
de Astronomia do Nordeste, celebrado em Recife/PE, de 30 de junho a 3 de julho
de 1978, quando astrônomos aprovaram por unanimidade o título de “Patrono da
Astronomia Brasileira” a D. Pedro II (1825-1891). A escolha do dia 2 de
dezembro celebra a data de nascimento do imperador, tido como o mais erudito
governante do País. A partir da escolha a efeméride ganhou força e a data
passou a comemorar o Dia Nacional da Astronomia, o Dia do Astrônomo.
MOTIVOS
Foram muitos. Como astrônomo amador, modernizou o
Imperial Observatório do Rio de Janeiro criado por seu pai, D. Pedro I,
contratando astrônomos europeus de renome para aqui trabalhar. Tinha um quarto
privativo no Observatório para descansar após horas de observação.
Instalou um
observatório no telhado do Palácio Imperial de São Cristovão, hoje Museu
Nacional, onde atendia alunos ministrando conhecimentos da ciência do céu.
Mesmo sob forte oposição do Parlamento, concedeu verbas necessárias para três
missões científicas para que os astrônomos pudessem observar a rara passagem do
planeta Vênus pelo disco solar em 6/12/1882, fenômeno que iria se repetir
somente em 8/6/2004. Os dados obtidos foram um sucesso permitindo calcular com
precisão a distância Terra – Sol. Junto com o astrônomo Luiz Cruls, o imperador
efetuou a primeira análise espectroscópica de um cometa e observou o eclipse
solar de 1857. Mantinha contato com renomados astrônomos europeus dentre eles
Camille Flammarion que o convidou para a inauguração do seu Observatório de
Juvisy em 29/7/1887. Na ocasião D. Pedro II inaugurou a luneta de 24 cm,
concedeu a Flammarion a ‘Ordem da Rosa’ e plantou uma árvore nos jardins do
observatório que existe até hoje! Uma placa ao lado da árvore assinala o gesto
do nosso imperador. Costumava dizer que se não fosse imperador gostaria de ser
professor. Acredita-se que tamanha
devoção ao céu veio através do litógrafo e artista francês Louis Boulanger
(1798-1874) e de Frei Pedro de Santa Mariana (1782-1864). D. Pedro II doou
vários instrumentos seus ao Imperial Observatório e importou um círculo mural,
uma pendula sideral, uma luneta meridiana e aparelhos magnéticos e meteorológicos.
Mas faltava um telescópio de grande porte e ele foi encomendado na Inglaterra.
Desgraçadamente o navio que transportava o instrumento chegou ao Rio justamente
na ocasião da Proclamação da República e os republicanos não perderam tempo:
mandaram o telescópio de volta! Em 1890, já no exílio, D. Pedro II foi
homenageado com o nome do asteroide Brasília de número 293, descoberto no
Observatório de Nice, França, pelo astrônomo A. Charlois (1864-1910). Sua
devoção a astronomia certamente levou seu espírito muito além do asteróide,
para junto das estrelas.
Nelson
Travnik é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba, SP, e Membro
Titular da Sociedade Astronômica da França.
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